Contra o turismo de massas, Amesterdão proíbe novos hotéis

“Nada de turismo excessivo. Queremos tornar e manter a cidade habitável para residentes e visitantes”. A autarquia tem por mote “Os visitantes são bem-vindos, mas os residentes são a prioridade”.

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Nos últimos anos, Amesterdão tem avançado com várias inicativas de controlo dos fluxos turísticos MICHAEL KOOREN/reuters
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O governo local de Amesterdão, nos Países Baixos, já tinha criado limitações à abertura de novos hotéis, particularmente no centro da cidade, mas agora pretende tornar a medida mais global e restritiva, deixando de permitir a construção de novos edifícios hoteleiros como parte da sua luta contra o turismo de massas.

Segundo um comunicado da autarquia, um novo hotel em Amesterdão só poderá ser construído se outro hotel fechar, se o número de lugares para dormir não aumentar e se o novo hotel for melhor, por exemplo, mais sustentável.

"Queremos tornar e manter a cidade habitável para residentes e visitantes. Isto significa: nada de turismo excessivo, nada de novos hotéis e nada de mais de 20 milhões de dormidas de turistas por ano", declara-se em comunicado.

A excepção à abertura de novos hotéis só deverá aplicar-se aos projectos que já tenham obtido uma licença.

A cidade tem tentado activamente limitar o número de turistas, sobretudo desencorajando o turismo sexual, o turismo relacionado com as drogas e as visitas ao "bairro da luz vermelha".

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Uma imagem de uma campanha de Amesterdão dirigida aos turistas britânicos do álcool e drogas dr

O plano de acção aprovado para mudar a face turística de Amesterdão inclui regulamentação que obriga a autarquia a intervir especialmente e de imediato caso o número anual de turistas ultrapasse os 18 milhões.

Uma prova imediata de intenções: quando se entra no site da cidade, pode ler-se: "Os visitantes são bem-vindos, mas os residentes são a prioridade". Num texto oficial da estratégia de Amesterdão para o turismo incluía-se mesmo a frase: “Quão hospitaleiros podemos ser se vomitam com frequência na nossa varanda?”

Já em 2019, Amesterdão se decidia por alterar a comunicação turística, passando a "desencorajar" visitas - o famoso letreiro "I amsterdam" já tinha sido mesmo retirado da praça do Rijksmuseum no ano anterior.

Nos últimos anos, avançaram-se várias medidas de controlo e gestão no domínio do sobreturismo, tanto na limitação a cruzeiros, como na aprovação da taxa turística mais cara da Europa ou nos passos dados para o fim do turismo da cannabis ou da turistificação do Red Light District. Entre outras medidas, a estratégia "Cidade em Equilíbrio" e o plano para o centro da cidade já passaram também pela "proibição de novas lojas turísticas e restrições aos arrendamentos de férias de curta duração".

Além das medidas tomadas, a cidade até já levou a cabo campanhas destinadas a realmente desencorajar os turistas de a visitarem: uma das mais célebres foi dirigida aos britânicos que, particularmente em despedidas de solteiro e viagens de grupo, escolhem Amesterdão para uma escapadela de abusos: "Não venham!".

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